quarta-feira, 6 de julho de 2011

Doméstica

Sou. Já o era quando, alegremente, progredia na minha carreira de marketing. Sim, já nessa altura me ocupava da administração da minha casa. Continuo a sê-lo, naturalmente. A fazê-lo. Mas como ocupação não sou mais  doméstica que qualquer pessoa que viva sozinha ou que divida a casa com um amigo ou companheiro. Digamos que faz parte do meu descritivo de funções.

Sou formada em Marketing e Publicidade e a minha área profissional é Marketing e Comunicação, onde sempre exerci funções. Actualmente sou mãe a tempo inteiro. Não sou doméstica, sou mãe a tempo inteiro; isso da administração do lar continua a ser apenas uma das minhas funções (que continuo a dividir com o R.). O meu trabalho diário, de horários exigentes e implacáveis, é o de guiar os meus filhos, de os educar enquanto indivíduos e enquanto parte de uma sociedade e de uma máquina económica. Formo activos e seres humanos. Se já o fazia antes? Claro que sim; cerca de 5 horas por semana e mais 48 ao fim de semana. Esta resposta é parva, eu sei; isto não se contabiliza assim. É um trabalho diário e frustrante (na maior parte das vezes) que se arrasta por anos e que fazemos quer trabalhemos ou não para uma empresa.

Eu sou uma mãe a tempo inteiro por outras razões. Porque na vida deles existia apenas a escola e nós, família nuclear. Nada de avós ou tias, só nós e a escola. E esta era uma repartição desigual, com a escola a ficar com a fatia maior e comigo a ir lá para falar com as educadoras e beber delas tudo o que elas sabiam dos meus e que a mim escapava. Eu sou mãe a tempo inteiro porque nem sempre reconheci os meus filhos nas palavras delas, porque descobri por elas alguns gostos deles e algumas das suas manias sociais. E não gostei. Senti que um dia eles acordavam adolescentes e que tudo poderia ser mais difícil pela falta de uma referência familiar forte e presente. Fosse eu, fosse o pai, uma tia ou uma avó. Eramos nós e a escola. Só.

Eu sou mãe a tempo inteiro porque numa rápida lista de prós e contras da carreira vs família a 2ª acabou por ganhar, mesmo com as perdas que  sua vitória acarretava. Mas isto é o que eu realmente administro: os meus filhos, o seu tempo (por enquanto), as suas vontades, as suas expectativas, o seu crescimento, as suas  frustrações. No fundo administro as suas individualidades no seio da família. Continuamente. A par da casa, claro; como sempre. E tem momentos bons, muito bons, maus e muito maus. Cresci muito nestes quase 2 anos. Aprendi muito sobre mim e tive de repensar certas verdades. Uma das coisas que aprendi foi esta: que estar com os filhos é crescer com eles. Já o tratar da casa é diferente: é como estar sempre a encher um balde que está cheio de furos. Gostava muitos que a sociedade, através dos impressos que tempos de preencher por tudo e por nada, reflectisse esta diferença.

7 comentários:

  1. clap, clap, clap....

    estão maravilhosos os teus filhos! maravilhosos!

    beijinhos

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  2. "é como estar sempre a encher um balde que está cheio de furos": é isso mesmo. é um trabalho tão ingrato, nunca acaba. podemos passar o dia a arrumar/lavar/passar/esfregar/cozinhar e parece que não fizemos nada.

    eles estão lindos e enormes!! :)

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  3. TÃO BOM voltar a ler-te...e que grandes e lindos eles estão :)))

    Beijinhos...muitos!!!

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  4. Mulher de M grande!!
    Que bom ler-te! Mt bom.
    E eles? Tão lindos e grandes!
    Bjs grandes

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  5. Que Saudades tuas Sónia! É isso mesmo, assim, tal e qual. A maior pena é quando não se valoriza essa parte essencial, que é estar com as nossas crianças.

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  6. só hoje li isto, porque será que me identifico tanto?

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