sexta-feira, 15 de julho de 2011

grão?

só "descobri" aos 34 anos. Agora sou fã.

verão?

Eu nem sou grande fã dos calores abrasadores mas esta verão primaveril já cansa.

O que eu achei de "Noite sobre as águas"




"Noite sobre as águas" não é o mais brilhante trabalho de Ken Follet nem traz nada de novo ao seu histórico mas, ainda assim, consegue ser apaixonante e viciante - o que não é propriamente surpreendente no autor. Follet é um contador de histórias nato, daqueles que conseguem tornar o banal em cativante. Hábil na construção de personagens, Follet tem o vício dos amores líricos dos contos de fadas e das mulheres fortes e determinadas; há sempre uma que é também empresária. Mesmo no século XII.

Em "Noite sobre as águas" viajamos num luxuoso hidroavião que parte de Southampton em direcção a Nova Iorque logo após a declaração de guerra do Reino Unido à Alemanha. Fascistas, judeus, ladrões, prisioneiros, amantes em fuga e irmãos em guerra são apenas alguns dos privilegiados passageiros que dão cor à história, num mar de dramas familiares, tensões amorosas e puro desespero. É uma história previsível mas tão rica de singularidades e individualidades que que ficamos ali colados ao "é só mais este capítulo". Recomendo-o vivamente. O livro mas, principalmente, o autor.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

caseira (para além de doméstica)

eu gosto de estar em casa. Mesmo. Alongar-me no dia com o tempo e deixar que tudo corra a um ritmo calmo. Sair de casa, para mim, não só não é obrigatório como nem sempre é o melhor programa. Mesmo com miúdos pequenos. Sim, eles jogam muito na nintendo e na ps3 (ah, e o que adorava passar horas a jogar computador quando era miúda) e também jogam muito a jogos de tabuleiro e de cartas, brincam muito com blocos de construções, carros e polly pocket's (tudo junto na mesma brincadeira), passam muito tempo do seu dia mascarados, vêm filmes e desenhos animados, pintam folhas de colorir às dezenas por dia, quando se lembram vão para a piscina, saltam à corda no terraço e esforçam-se por aperfeiçoar a roda (a de ginástica, mesmo), ocasionalmente vão à biblioteca ou ver os patos e quando o vento está de feição lá naquelas cabeças concordam em ir até ao parque. Passam a maior parte do tempo e dos dias em casa, portanto.

Tenho na manga algumas surpresas para eles: uma visita ao museu dos dinossauros, um picnic em Pia do Urso, os primos uma semana cá em casa, algumas experiências de física, alguma culinária e outros projectos que é suposto irem decorrendo devagar.

Hoje prepararam um gelado de melancia e na sexta vão fazer uma tarte de lemon curd (depois de uma ida às compras ao mercado local). São coisas simples, eu sei, mas eles gostam. E eu também.

Ah, e pelo meio vamos à praia, claro. Mas só quando o pai cá está que eu não me sinto à vontade para ir com eles e mais um bebé de colo sozinhos. Uma atadinha, eu sei, mas é o que se arranja.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

semana #2 :: rosa

picnic

Sou esquisita (ia escrever nojentinha mas na realidade acho que sou apenas isso, esquisita) com tudo o que é Natureza para além do limite de uma imagem impressa ou viva no ecrã. Incomodam-me as formigas, as moscas a passar demasiado perto, as borboletas com aquelas patas e corpos tão dissonantes das suas asas, as lagartas que apanho nos coentros (apanho? eu disse apanho? não, eu vejo-as e espero que o R. venha e as vá tirar. Ou chamo o Miguel, o meu filho de 5 anos) e as que esmago (isto faço bem mas não sem um gritinho) nas alfaces, no manjericão ou na hortelã, os mosquitos que nunca viajam sozinhos, as abelhas que zunem alto e as vespas que descobri existirem em vários formatos e tamanhos, as aranhas que são desprovidas de vergonha e que constroem entre plantas teias que não vemos mas que oferecem uma inesperada resistência ao toque. Já as folhas, adoro vê-las caídas mas detesto que caiam em cima de mim; principalmente quando eu nem as vejo vir. Tiro, portanto, a paciência a um santo.

E só referi o que acontece no microcosmos do meu terraço (que está colado a uma antiga coutada real e que é um dos últimos vestígios de floresta mediterrânica aqui da zona - se vissem o tamanho e a grossura destas oliveiras, senhores. E quando digo colado digo ramos de um loureiro a entrar pelo meu espaço a dentro e ramos tão perto da janela de uma das minhas casas de banho que servem, na realidade, como pontes para as aranhas grandes, gordas, peludas e patudas virem repousar na minha banheira).

Sou esquisita e por isso não acampo. E os picnics parecem sempre mais aprazíveis quando envolvem mesas e bancos apesar de serem mais românticos em toalhas no chão.

No fim de semana passado fomos a um picnic organizado pela escola dos meus sobrinhos. Quando recebi o convite funguei e arrepiei-me. Tive duas semanas  para me preparar e optei por não pensar muito nisso. Sempre que o assunto vinha à baila (e assim que os meus filhos souberam dos planos o assunto veio à baila muitas vezes) eu inspirava longamente; oh ceús, eu já travava uma batalha tão dura todos os dias a partir do meu terraço e agora ia ter de o fazer a partir de uma toalha. E eu que sou uma pessoa que gosta tanto que a deixem em paz, metida consigo mesmo nas coisinhas que lhe dão prazer.

Até que chegou o dia e...



... foi bom. E a cerveja sempre fresca e abundante ajudou a esquecer o resto.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Doméstica

Sou. Já o era quando, alegremente, progredia na minha carreira de marketing. Sim, já nessa altura me ocupava da administração da minha casa. Continuo a sê-lo, naturalmente. A fazê-lo. Mas como ocupação não sou mais  doméstica que qualquer pessoa que viva sozinha ou que divida a casa com um amigo ou companheiro. Digamos que faz parte do meu descritivo de funções.

Sou formada em Marketing e Publicidade e a minha área profissional é Marketing e Comunicação, onde sempre exerci funções. Actualmente sou mãe a tempo inteiro. Não sou doméstica, sou mãe a tempo inteiro; isso da administração do lar continua a ser apenas uma das minhas funções (que continuo a dividir com o R.). O meu trabalho diário, de horários exigentes e implacáveis, é o de guiar os meus filhos, de os educar enquanto indivíduos e enquanto parte de uma sociedade e de uma máquina económica. Formo activos e seres humanos. Se já o fazia antes? Claro que sim; cerca de 5 horas por semana e mais 48 ao fim de semana. Esta resposta é parva, eu sei; isto não se contabiliza assim. É um trabalho diário e frustrante (na maior parte das vezes) que se arrasta por anos e que fazemos quer trabalhemos ou não para uma empresa.

Eu sou uma mãe a tempo inteiro por outras razões. Porque na vida deles existia apenas a escola e nós, família nuclear. Nada de avós ou tias, só nós e a escola. E esta era uma repartição desigual, com a escola a ficar com a fatia maior e comigo a ir lá para falar com as educadoras e beber delas tudo o que elas sabiam dos meus e que a mim escapava. Eu sou mãe a tempo inteiro porque nem sempre reconheci os meus filhos nas palavras delas, porque descobri por elas alguns gostos deles e algumas das suas manias sociais. E não gostei. Senti que um dia eles acordavam adolescentes e que tudo poderia ser mais difícil pela falta de uma referência familiar forte e presente. Fosse eu, fosse o pai, uma tia ou uma avó. Eramos nós e a escola. Só.

Eu sou mãe a tempo inteiro porque numa rápida lista de prós e contras da carreira vs família a 2ª acabou por ganhar, mesmo com as perdas que  sua vitória acarretava. Mas isto é o que eu realmente administro: os meus filhos, o seu tempo (por enquanto), as suas vontades, as suas expectativas, o seu crescimento, as suas  frustrações. No fundo administro as suas individualidades no seio da família. Continuamente. A par da casa, claro; como sempre. E tem momentos bons, muito bons, maus e muito maus. Cresci muito nestes quase 2 anos. Aprendi muito sobre mim e tive de repensar certas verdades. Uma das coisas que aprendi foi esta: que estar com os filhos é crescer com eles. Já o tratar da casa é diferente: é como estar sempre a encher um balde que está cheio de furos. Gostava muitos que a sociedade, através dos impressos que tempos de preencher por tudo e por nada, reflectisse esta diferença.

sexta-feira, 1 de julho de 2011